terça-feira, 31 de maio de 2011

O Estado da Saúde - Parte I



Se há coisa que me orgulho é de me levantar de manhã cedo para ir trabalhar. O mês pode correr melhor ou pior, o ordenado pode ser uma treta, mas o que tenho foi esforçado e por isso mesmo valorizado. Todos os meses vejo sair-me do ordenado uma grossa fatia que supostamente vai para a Segurança Social e que supostamente serve para garantir os supostos serviços mínimos de saúde.

Supostamente.

Tenho uma médica de família, que já era médica do meu marido há mais anos do que aqueles que ele se lembra, e que ficou também minha médica e médica do meu filho. Coisa curiosa: em dois anos de vida que aquela criança tem, só houve UMA única vez em que a senhora doutora apareceu para dar consultas. De todas as outras, estava doente, de baixa, ou pura e simplesmente não se dava ao trabalho de inventar desculpas para não ir trabalhar. Diziam-me, “volta cá amanhã e fale com a Drª”. E eu ia, e quando efectivamente aparecia, muitas vezes recusava-se a atender o meu filho porque já tinha dado ou já tinha marcadas as 12 consultas do dia e não estava para se cansar muito (palavras suas!) E quem quisesse que se arranjasse. E que se lixasse o facto de eu andar há uma semana a faltar ao trabalho para ir com o meu filho ao médico!

Isto realmente há trabalhos e há empregos. Eu tenho de me levantar às seis e meia da manhã para ir trabalhar todos dias, para levar um ordenado que vê mais cortes do que dinheiro entrar porque a mim descontam cinco minutos de atraso; e a xô doutora, funcionária pública, falta quando quer, ou por outra, vai trabalhar quando quer, porque não está para se cansar!

E no meio disto tudo, quem é que fica entalado? Eu adorava dizer que era o mexilhão, mas esse ao bulhão pato fica uma maravilha. É mesmo o povo, que desconta balúrdios para serviços que nunca tem! E o que diz o Ministério da Saúde a isto? Nada!

Rico tacho, xô doutora! Só tenho pena que não se queime!

E vamos lá a ver se amanhã a xô doutora aparece. Porque se aparece e não me atende, ou se não aparece, então alguém vai ter sarna para se coçar! E há-de ir desde o (su)posto médico até ao Ministério da Saúde!

Nos intervalos, o meu filho continua a precisar da consulta, portanto já que ele é português, filho de pais portugueses, que trabalham e descontam, e teve avós mortos na batalha de Aljubarrota, agradeço que tenham consideração e garantam os serviços mínimos em vez de andarem a distribuir RSI a quem não quer fazer nenhum e passa o dia nos cafés.

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