quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Back... Or so I Hope



Pois é, ausente, desaparecida, e outros que tais... A culpa é deste balde de microchips que resolveu avariar.

Deu que pensar... tenho tantos hobbies, mas à noite sentia falta desta coisa... é engraçado como são as coisas, antigamente sendo desconhecido, era desnecessário, e agora... Imprescindível.

Curioso.

Enfim, estou de volta... espero eu!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Da Finlândia com Saudades



Ouvi hoje nas notícias que o nosso estimadíssimo – e empobrecido! – Presidente da República está de visita à Finlândia. Ora bem, se o homem para se deslocar aos Açores levou uma pequena comitiva com alguns 12 seguranças, para ir à terra do gelo deve ter levado um exército atrás.

 Espero que se tenha lembrado das luvas que aquilo por lá é fresquinho.

 Então andava o homem nas suas passeatas quando se lembrou de dizer que espera que esta visita aproxime Portugal da Finlândia. Dei comigo a pensar, uma vez que geograficamente falando Portugal só vai para o pé da Finlândia se uma carrada de maremotos o empurrarem, o homem (e uso este termo liberalmente) só pode estar a referir-se ao estilo de vida. Ora bem, se na Suécia e na Finlândia os políticos vão trabalhar de autocarro, penso que em Portugal ficava resolvida de uma vez por todas a questão de tempos de espera de quase uma hora nas paragens dos autocarros. Não se podia pôr o PR a congelar aquele rabo nojento e magrelas por uma hora!

 Aproximar em quê, senhor Presidente? Vão finalmente dar-nos ordenados em condições em vez de exortarem os jovens a abandonarem o país? Vão auxiliar à criação de postos de trabalho ou, pelo menos, à manutenção dos já existentes? Vai parar de pagar a um exército de seguranças para garantirem que ninguém atira nesse coiro escanzelado e miserável? Vai parar de se queixar sobre as suas despesas e ver o tamanho que a fila para a sopa do sidónio já atinge?

Posso não ser expert em economia, mas tenho um merdímetro muito afinado. E até eu sei que dinheiro gera dinheiro. Se estafarem o cavalo, ele morre e aí é que não rende nada. Se o povo português não tiver dinheiro, não compra. Se não compra, a economia não se movimenta. Se a economia estagna, não há crescimento económico. Entendeu? Ou quer que chame um autista para lhe explicar? Deixei de ouvir as notícias no canal 1 porque só ouço propaganda em prol do governo, ou futebol com fartura. Nunca apreciei muito a sic, muito embora admire o facto de se recusarem a usar o (des)acordo ortográfico. Sobra a tvi, que ainda não percebeu bem para que lado há-de cair. Não há dúvida que a Manuela Moura Guedes faz lá falta. Podia não gostar da mulher, mas tenho de admitir que tinha uma forma muito directa de expôr os problemas, não andava com rodeios nem rodriguinhos.

E agora a pergunta do milhão de euros: quem é que paga esta viagem de luxo para si e para o seu exército de chulos e segurança? Quem já não tem nada a perder.

E, senhor Presidente, caso essa cabeça burra e esclerosada ainda não tenha atingido esta conclusão óbvia, não há animal mais perigoso do que aquele que não tem nada a perder.

Resta-nos esperar que o senhor e a sua comitiva se percam num qualquer glaciar. Pode ser que os finlandeses apreciem mais a sua visita do que nós a sua presença. E não se esqueça de mandar saudades, que é coisa que cá não deixou.


 
  

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Cegueira Selectiva



Lá diz o povo que não há pior cego do que aquele que não quer ver. E lá dizia Almeida Garret que a sabedoria do povo era a sabedoria de Deus.


Não sei se Almeida Garret tem razão, mas o povo tem de certeza.


Conheço várias pessoas que têm uma língua de tal forma viperina que sempre achei que no dia em que a mordessem acabariam envenenados pela peçonha. São maldizentes em relação a tudo, mas têm olhos particularmente afinados para os filhos dos outros. Ou porque comem de boca aberta, ou porque respondem torto, ou porque vestem as calças ao fundo do rabo...



Eu sei lá.



Não é que eu pessoalmente não repare no mesmo que essas pessoas. Provavelmente até reparo. Porque afinal é fácil olhar para o lado. O complicado é olhar para dentro de casa.



Sou uma pessoa crítica por natureza. Também sou espontânea, o que torna os meus pensamentos públicos mais vezes do que é recomendável para “se viver bem em sociedade” – oh, as vezes que ouvi esta. E depois olhava em volta e parecia que só via comadres a cortarem na casaca uns dos outros, só escondendo do vizinho o mal que dele diz pelas costas. Já eu, ficam logo todos a saber o que penso e o que acho, porque ao menos digo-o em alto e bom som. Não crio dúvidas, não dou lugar a “suponhamos” mas também não me grangeia muitas “amizades”. Ao que vale é que prezo mais a qualidade que a quantidade e portanto tive a grande sorte de me poder rodear de amigos que pensam e agem como eu. Poucos, mas bons.



Adiante que já me estou a dispersar.



Estava eu a dizer que o pior cego é aquele que não quer ver. O meu filho vai fazer três anos. Mas para mim continua a ser bebé. No outro dia dei comigo a analisar-lhe as feições, que de bebés já têm muito pouco, que são cada vez mais de rapazinho a crescer, e penso: “Meu Deus, para onde foi o meu bebé? Este rapaz está enorme! Ainda ontem nasceu!” Suponho que para as mães os filhos são sempre bebés e nesse aspecto não sou diferente. Mas reconheço que o meu bebé está com quase três anos, que cresceu, que é ferozmente independente e que só quer mimos quando ele próprio pede – caso contrário, levamos um safanão. Continua a ser o meu bebé, mas já diz tudo e tem muita vivacidade.



No outro dia estava a falar com uma amiga sobre uma rapariga que existe em comum na nossa vida e a quem amamos muito. Ela via-a ainda como adolescente. Mas com a idade dela, dificilmente se pode falar em adolescente. Já ultrapassou a barreira dos 20 (embora não há muito, é certo), tem direito a voto e carta de condução. Talvez por eu ter menos convívio com a rapariga em questão, vejo-a com outros olhos. Amo-a muito – e isso é independente de partilharmos parte do ADN – mas reconheço que ela se transformou numa pessoa que eu não reconheço. É manipuladora, preguiçosa, egocêntrica. E a manipuladora deixa-se manipular com facilidade pelo fofo do namorado que, sendo um rapaz da idade dela, não só não faz nenhum, como não o quer fazer. Não é tão mais giro sair à noite, comer e beber às custas da namorada, com o conhecimento e a benção dos paizinhos da dita?



Talvez seja por ser de outras épocas. Separa-me quase uma década desta moça mas se fosse um milénio, as diferenças não seriam tão sentidas. Esta rapariga já teve um episódio com gravidade relativa de anorexia, mas os pais preferem acreditar que foi um episódio esporádico e que a criancinha está bem e recomenda-se. Atiram areia para os olhos dos outros – ou pelo menos tentam – e acreditam que os outros se deixam enganar.



São capazes de detectar uma mancha comportamental nos filhos dos outros a 150 m de distância; mas não vêem o que têm em casa. E quando vem alguém de fora, e chama a atenção, mesmo que seja com um comentário aparentemente inócuo, preferem virar-se contra essa pessoa e atirar pedras.



São cegos? Não têm discernimento? Será possível que achem que os outros são cegos ou que se ignorarem o problema ele desaparece? Porque, meus amigos, o problema não é só as drogas ou o álcool; as más companhias e o excesso de liberdade também prejudicam. Quando nos untam as mãos com massas suplementares quando estalamos os dedos, é normal que não se queira fazer nada da vida.



Eu nunca gostei de me sentir um peso para ninguém; estudei e trabalhei ao mesmo tempo e dessa forma tirei uma licenciatura e uma pós-graduação. Porque me ensinaram, de pequena, o valor do trabalho.



Mas aquela rapariga, e outras como ela, parece que só têm em vista aquilo a que Freud chamava o Princípio do Prazer. O amanhã não existe, e cultura geral é um palavrão que não lhes assiste. Giro é pinocar com o namorado, extorquir dinheiro à mãe e passear com o carro do pai, que tão atenciosamente ele atestou primeiro.



Que responsabilidades tens tu na vida, minha querida? Acharás tu que eu te amo menos por te dizer as verdades? Disseste-me uma vez frontalmente que não querias saber se eu gostava dele ou não porque a ti é que te caberia gostar e farias o que te desse na real gana. Pois é, querida, dizes isso porque tens quem te sustente o estilo de vida. Porque no dia em que os ceguetas fecharem os olhos e a torneira do dinheiro secar, tu ficas a olhar para as mãos e com um chulo do teu lado que não gosta de trabalhar porque dormir de dia e abanar o capacete à noite é que é giro.



Mas uma coisa eu sei: tens de ser tu a ultrapassar essa fronteira. Aprendi à minha custa que o mais que podemos fazer é indicar o caminho, cabe ao próximo decidir se o segue ou não.



Portanto, vai em frente. E reza para que tenhas alguém que te ampare quando partires a cabeça nessa parede onde tanto insistes em esbarrar de frente.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

(Des)Acordo Ortográfico




Nunca se falou tanto em acordo ortográfico como agora. Ou desacordo, do meu ponto de vista.
 
 
Como sou casmurra todos dias, e adoro a Língua Portuguesa, que tão mal tratada tem sido nos últimos tempos, proclamo em alto e bom som que não só não escrevo de acordo com as novas regras, como acho uma ofensa aquilo que tentaram fazer ao Português.
 
 
1º - Falou-se numa aproximação ao Português do Brasil. Mas tenho alguns amigos brasileiros que nunca ouviram falar nalgumas palavras que nos tentaram impingir.
 
 
2º Falou-se em “modernizar” o Português. Quando palavras tipo “bué” já entram no dicionário português, eu fico com uma urticária desmesurada. Quando expectadores se converte em espetadores, é a “coceira” total (já que querem palavras brasileiras aqui fica mais uma e esta existe sim do lado de lá do oceano atlântico).

3º Querem aproximar Portugal do Brasil dando valentes pontapés na nossa gramática que é única no mundo. Tenho a dizer que a nível de pobreza, desemprego (juvenil e não só) e salários baixos do povo contra salários riquíssimos da classe (des)governante, estão lado a lado. Mas a nível do (Des)Acordo Ortográfico só fizeram asneira.

4º Todos os livros que adquiri após esse maldito (Des)Acordo, especialmente da editora Saída de Emergência, provocaram sobressaltos e paragens na leitura, porque o meu cérebro primeiro identifica um erro ortográfico, e depois fica na dúvida se era o tradutor que era burro ou se é efectivamente o tal dito (Des)Acordo. E falo nisto porque até os livros adquiridos antes do dito (desculpem lá mas estou farta de falar numa coisa ao qual me recuso a atribuir importância no dia a dia) têm cada pontapé na gramática - ou, se preferirem, cada calinada - que até dói na alma. E o problema não se restringe só àquela editora, o que me leva a concluir que os próprios editores andam à nora.
 
 
Eu, por mim, continuo a escrever como sempre escrevi. E com um livro publicado, tenho a dizer o mesmo que disse na Editora: só sei escrever em Português; Brasuguês não é comigo. E não só me aplaudiram como publicaram o livro tal qual o tinha escrito.
 
 
Não é certo culpar o Sócrates pelo (Des)Acordo; foi no governo do Eng Guterres que ele foi criado, e por muito catedráticos jubilados e com outros título igualmente pomposos mas com a inteligência de uma formiga morta. O Sócrates limitou-se a ir ao sotão buscar esta asneira e a pô-la em vigor. E agora há contestação porque o CCB (e ao que consta a Univ. do Minho) o tiraram de circulação.
 
 
Vamos a ver: quando dois elementos altamente conceituados quer no mundo da cultura quer no mundo da educação tiram aquela ofensa à Língua Portuguesa de circulação, algo quer dizer.
 
 
Quanto mais não seja, quer dizer que preferem continuar a defender uma língua que é nossa, rica em complexidades e complexa na sua riqueza, e que nos equaciona enquanto povo.