domingo, 13 de novembro de 2011

Lealdade Canina



http://sicnoticias.sapo.pt/vida/article982956.ece

Hoje vi uma notícia no telejornal da Sic que me deixou à beira das lágrimas. Não consigo encontrar outro nome para o que aconteceu, que não seja "Lealdade Canina". Podem vê-la clicando no link acima.

Uma senhora, provavelmente já com certa idade, ou talvez não, quem sabe?, levava o seu cão para todo o lado. Só se tinham um ao outro e iam juntos para todo o lado. E foi assim naquele dia. A senhora levou o cão para o posto médico e deixou-o à porta, à sua espera.

A senhora nunca mais voltou a sair. Sentiu-se mal, foi levada para o hospital e lá morreu. O cão ainda hoje lá está, à porta. Decorreram meses. Mas o fiel cãozinho ainda espera pela sua dona, que entrou e não voltou a sair.

Inicialmente ainda ia a casa, à noite. Depois deixou de ir. As pessoas que vivem ali à volta construiram-lhe uma casota e dão-lhe de comer, mas o animal continua à espera daquela que o amou e que ele ainda ama incondicionalmente.

O seu coração fiel não compreende a separação, e até poderia compreender a morte se tivesse visto o corpo da dona. Assim, sem entender a tristeza que o rodeia e porque motivo não a voltou a ver, aguarda. Aguarda à porta.

Há lealdade mais pura do que esta? Há amor mais incondicional que este?

Podem dizer que isto não são notícias para reproduzir no noticiário da noite, mas eu acho o contrário. Num mundo em que filhos matam pais, em que os velhos são votados ao abandono, em que crianças com barrigas grávidas de fome morrem sem que os opulentos queiram saber, este exemplo de lealdade deve guiar-nos, servir-nos de exemplo.

Por favor, se alguém morar em Rio de Mouro, dêem um lar a esta fiel criatura. Preencham de alegria os dias deste cãozito, dêem-lhe um lar.

Até ao dia em que possa estar com a sua dona verdadeira.

A União Faz a Força



A União faz a Força!

Onde é que eu já ouvi isto?

Bem, onde não foi, sei eu muito bem onde foi: nos noticiários. A Função Pública está a ser roubada. É verdade, completamente de acordo.

Então porque é que em vez de irem reinvidicar os subsídios a que têm direito, se viram contra a Função Privada? Não saberão eles que o privado vai sempre atrás do público, digam os políticos o que disserem?! O que lhes está a acontecer a eles vai acontecer ao privado também, isso é limpinho!Provavelmente não vai é abrir telejornais!

Porque é que não se viram contra os filhos da mãe que estão comodamente sentados no Parlamento, com computadores topo de gama à frente para jogarem solitário, e que esses sim vão receber subsídios, apesar de serem funcionários públicos?!

Ao estar a receber-se o salário mensalmente, já estamos a ser roubados! Mas como é feito pela calada, ninguém nota e ainda ficam todos muito felizes quando recebem o 13º mês. Metam uma coisa na cabeça, ninguém vos está a dar nada! Se recebessem à semana, no fim do ano receberiam sem tirar nem pôr rigorosamente o mesmo valor que recebendo o 13º mês! Mas estamos a brincar ou quê?

E o povo vira-se contra o povo porquê?! Quem vos está a roubar não é o privado! Justifica-se que os políticos recebam ajuda de custo para tudo e mais alguma coisa, que o nosso estimado Presidente da República vá para os Açores com uma comitiva que chega para proteger metade do pessoal da Casa Branca - e quem paga esta procissão, quem é?? - e depois venham pedir sacrifícios aos portugueses?! Que direito têm de nos pedir o que quer que seja?! Quem diabo pensam que são?!

Um polícia arrisca a vida diariamente, e por um salário de quê? O que vai acontecer à família deste polícia se algo lhe acontece no cumprimento do dever?!

Unam-se, caramba! Deixem de ser atados! Virem-se contra quem de direito! Em vez de pedirem para retirarem os subsídios aos privados, virem-se contra a classe política, chula de profissão e categoria! O que é que fizeram de especial pelo povo, pelo país, para terem direito a subsídios!?

Não se esqueçam de uma coisa: não há nada nem ninguém mais perigoso do que aquele que não tem nada a perder!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

S. Martinho na Creche



Correndo o risco de parecer o outro do anúncio, vou começar por dizer "Eu ainda sou do tempo..."

Ainda sou do tempo em que eram os garotos a trazerem trabalhos para fazer em casa. É certo que estamos a falar de uma criança com dois aninhos e meio, e isso ainda mais me baralha: não era suposto não termos trabalhos de casa nesta idade???

Pois hoje, quando fui buscar o meu pequenote à creche - após uma ausência de duas semanas por motivo de férias - a educadora entregou-me uma castanha em cartolina e disse-me, com um sorriso grande:

- Ò mãe, não se esqueça de me trazer isso amanhã enfeitado!

Fiquei verde. Peçam-me para discursar na Assembleia da República, peçam-me para lavar vidros do sétimo andar das Torres, peçam-me para enfrentar um chihuahua enraivecido, tudo menos fazer desenhos. Não tenho mesmo jeitinho nenhum para aquela arte. Olhei para ela com ar tão apavorado que o sorriso se alargou e tornou-se afiado:

- A mãe nunca andou na creche?

Por acaso, não. Sou do tempo em que as crianças eram educadas pelas avós enquanto as mães iam trabalhar (e a minha avó fartou-se de criar crianças que não eram netas de sangue, mas o eram de coração), sou do tempo em que os trabalhos de casa começavam a partir dos seis anos quando se entrava para a escola... e já mencionei que não tenho jeito nenhum para as artes plásticas?

O meu garoto agarrou na castanha de cartolina, com um sorriso grande na sua carinha. Quis ser ele a entregar ao pai o pedaço de cartolina.

Deus abençoe os homens com insight. O meu marido olhou para "aquilo" e disse:

- Tenho de ir à mata.

Por mata, entenda-se os onze hectares de parque selvagem que constituem um verdadeiro pulmão na minha cidade.

De verde, passei a cinzento. Agora é que eu estava a ver a minha vida toda andar para trás!

Por sorte, não demorámos muito. O meu marido apanhou o que entendeu que ia ficar bem e quando chegou a casa, ele, que costuma ajudar-me com o menino e com as coisas do dia-a-dia, pediu-me:

- Amor, hoje deixas-me aqui até acabar isto, está bem?

Por outras palavras, não me chateies. Tratei da janta enquanto ele tratava da castanha de cartolina. E talvez devido ao trauma que um simples pedaço de cartolina me estava a causar, fui fazer jantar a cheirar a São Martinho.

Quando terminei de servir os pratos ele mostrou-me a sua obra prima.

Digam lá que não ficou uma obra de arte! Tenhou ou não tenho um maridinho jeitoso?

sábado, 5 de novembro de 2011

Estrela Cadente



Ontem uma das estrelas mais brilhantes do meu firmamento vacilou. A Estrela que sempre me regeu foi de urgência para o hospital, com sintomas de AVC.

Hoje o susto parece ter passado. Mas foi o segundo no espaço de um mês. Sintomas diferentes, mas que apontam para a mesma sintomatologia - segundo o Google.

Eu sei que o corpo humano é uma máquina complexa. E que olhos diferentes podem ver de maneiras diferentes. Mas quão difícil será tratar um doente que entra nas urgências do hospital de ambulância, que é diabético e que tem a tensão a 23?!

O que é que provoca esta abrupta subida? Será que sabem? Será que se importam sequer? Que uma mente brilhante, que resolve Sudoku a caneta azul porque nunca se engana, tenha entrado numa fase de jarganofasia? Acharão normal?

Importar-se-ão sequer?

És a minha Estrela, o meu guia. Não me podes deixar.

Não assim. Depois de uma luta inteira, de uma vida de dificuldades, de tanta sapiência acumulada, tens o direito de dormir pacificamente.

Não é justo.

Vais ao médico na segunda-feira e és o maior hipocondríaco que conheço. Por favor, trata-te. Tens de andar por cá muitos anos ainda, tens mais um para guiar, tens de ser a estrela para o teu homónimo.

Por favor.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Gomas e um Dia de Chuva



Poucos prazeres há na vida como as pequenas coisas.

Dia de chuva em casa com uma criança pequena equivale a casa caótica, brinquedos por todo o lado, lápis de cor espalhados por todo o lado e um ocasional beijo peganhento.

Não trocava isto por nada deste mundo. Se tropeçar num lápis, logo me levanto, se pisar um carrinho é tentar compôr antes que o puto se aperceba, se a carita estiver peganhenta é tentar não pensar no que pode ter provocado aquela gosma e limpá-la o mais rapidamente possível.

Um dia de chuva é bom para aninhar na cama com o pequenito a ver episódios repetidos do "Bocas" que a ele tanto encantam, deixá-lo comer gomas à laia de pipocas e brincar com o cachopo. Porque o tempo está a passar a correr e qualquer dia ele já não se quer aninhar com a mamã, já nem sequer me chama mamã, já não quer comer gomas.

Por hoje, por agora, por enquanto, sou a mamã e estamos aninhados na cama a ver o "Bocas" e a comer gomas.

Há melhor que isto na vida?