A seguir à Psicologia Aplicada, a Psicologia Inversa foi outra coisa que me deu água pela barba.
Como fazer desenhos com a comida é algo que me faz confusão ("Não se brinca com a comida!"), tentei a Psicologia Inversa.
Por diversas vezes reparei que com o meu filho era a única coisa que parecia resultar. Eu digo-lhe “não faças!”, ele faz. Digo-lhe “faz!”, ele olha para mim com ar malandro e diz: “Não!”
É do contra, portanto (pergunto-me a quem sairá ele...).
Como é complicado dar-lhe carne que não esteja picada, tentei ir pelo inverso. Servi-lhe um prato com bife cortado aos bocadinhos liliputianos, arroz e batatas, tudo escrupulosamente separado (só me faltou ir buscar a fita métrica para medir os espaços entre os alimentos, mas depois achei que era levar a obsessão muito longe). Quando ele atacou o acompanhamento e afastou o bife para o lado, ainda tentei a via do normal:
- Filhote, papa a xixinha, é tão boa...
- Não! –respondeu logo ele, o sorriso malandro a aparecer. Safadinho!
Olhei para o meu marido, mas ele fingiu que não via. Voltei para o miúdo e continuei:
- Também acho, filho! Não comas, não presta! Xixa má.
Ele olhou para mim e as covinhas que aparecem sempre que ele sorri fizeram uma aparição bastante acentuada no seu rostinho infantil:
- Xixa má! Nã quelo!
E agarra na “xixa má” e dá descaradamente ao cão, que escancarou aquela cloaca para garantir que não caía nada no chão!
- Não dá ao cão, filho! –repreendo. Ele olha para mim e repete:
- Xixa má! Nã quelo!
Tento emendar a minha gaffe monumental:
- Filho, aquela xixa era má, mas esta é boa, olha, vês? A mamã e o papá papam a xixa!
- Xixa não!
E não comeu a carne! Para já não dizer que no fim daquilo tudo também já não me apetecia o bife.
Quando à Psicologia Invertida, estamos conversados.
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