quarta-feira, 8 de junho de 2011

Tou cá com umas ganas...



Tenho feito esta pergunta a mim mesma muitas vezes. O que faria Sojourner Truth no meu lugar?

Para os mais distraídos, Sojourner Truth foi uma mulher que se bateu pelos direitos à liberdade dos escravos. Uma mulher como há poucas, quer na altura, quer hoje. Aliás, ao ler a biografia dela, apercebo-me que é uma mulher como há poucos homens, e então que eu conheça... enfim é melhor não seguirmos por aqui.

Graças à lei do Trabalho, que pelos vistos tem mais buracos que uma peneira, uma entidade patronal pode ficar com metade do subsídio de férias do trabalhador apenas porque sim, e dá-lo apenas no final do mês de Dezembro.

Eu sei que não sou particularmente uma pessoa iluminada em muitos aspectos, mas pelo menos isto eu sei: se a pessoa vai de férias em Julho, não deveria receber o subsídio em Julho? Tem de ficar à espera de Dezembro (final do mês de Dezembro, note-se, quando o Natal também já passou e se traduz numa azia pós-festa)? Sublinhe-se o facto de estarmos à espera do subsídio de férias, não de natal, nem de quando Deus quiser.

É isto que me querem fazer este ano. E como de cada vez que me sinto a ser lixada, contorço-me e procuro formas de provar que não só isto é etica e moralmente reprovável, como é fodido. Não sou a única a estar à espera do subsídio de férias para comprar coisas para mim que de outra forma não consigo. Não estou à espera do subsídio para alugar uma casa algures num condomínio fechado com vista para o mar. Preciso do subsídio para ir graduar a vista e comprar umas coisas para a casa. E preciso agora, não é em Dezembro. A continuar conforme estou, em Dezembro já estou pitosga de todo.

Mas o que me lixa mais nesta abençoada ideia não é o facto de me estarem a querer lixar metade do que é meu por direito; é não terem tomates para mo fazerem cara a cara. É fazerem pelas costas e dizerem, “é uma decisão da maioria”. Maioria de quê, especificamente? Quem é que decidiu quando é que eu devo receber o que é meu por direito? E já agora, quem foi o corajoso cobarde que não foi homem o suficiente para assumir as consequências dos seus actos, para enfrentar a classe de trabalhadores que lixou, remetendo-se para um sms através de uma das suas assistentes?

SMS! Fiquei a saber que ia ser lixada por SMS! E viva o séc. XXI! Tiram-me um direito adquirido e nem têm a decência de dar a cara.


E o ridículo é que só fomos avisados porque perguntámos primeiro: “Afinal como é que é?” Porque senão chegávamos à altura e ficávamos a olhar para as mãos.

Estão a ver a fúria que fervilha em lume brando, mas a dada altura atinge o ponto de ebulição? Já esteve mais longe para me saltar a tampa. Muito mais longe.

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