quarta-feira, 8 de junho de 2011

Psicologia Aplicada



Dúvida – o que é Psicologia Aplicada?

Tive um professor uma vez na faculdade que me respondeu a isto. Deu um murro na mesa e perguntou:

- O que é um par de estalos?

Silêncio. Até conseguíamos ouvir o zumbir dos computadores na sala do lado. E ele dá outro murro na mesa e responde:

- Psicologia Aplicada, seus burros! Aplicada ao momento e à hora!

Antes que se lancem em importantes questões de carácter deontológico, psicológico e outros que tais acabados em “lógico” e não só, permitam-me que esclareça a dúvida.

Quando eu era miúda, ainda estava a pensar em fazer a birra já a minha mãe me estava a avisar: “nem penses nisso!” E para o caso de eu, além de pensar, me atrever a fazer, ela não tinha problemas nenhuns em dar-me uma palmada que tinha dois efeitos: espantava as moscas e dava-me uma razão real para chorar.

Hoje os iluminados aconselham a que se fale com a criança. Concordo plenamente, temos de falar com os nossos filhos para os conhecermos. Mas isso isenta-nos de responsabilidades na fita? Claro que não! Eu também não gosto de ir no autocarro, confortavelmente sentada a ler o meu livrinho – e quem me conhece sabe que tenho sempre um debaixo do braço – e ter atrás de mim (ou à frente ou ao lado) uma criancinha a berrar que nem uma perdida, nem ela sabe bem porquê. E a mãe, ou o pai ou ambos, a dizerem com ar muito contristado: “Ò amorzinho, mas estás a chorar porquê?”

Ò meus amigos! Então não sabem?! Eu é que não sei mesmo! E como já de mim sou atreita a dores de cabeça, passava bem sem a berraria homérica com que o anjinho do lado me está a brindar. Começar o dia logo com as têmporas a latejar é prenúncio para chegar a meio do dia sem conseguir abrir os olhos.

E se o vosso problema é não saberem porque é que a criancinha chora, dêem-lhe uma palmada que ela aí já começa a berrar com razão. E pelo menos sabe que a) os seus actos têm consequências e b) já tem bom motivo para chorar.

E antes que me caiam em cima os génios da educação moderna (?), permitam-me que esclareça: não me refiro a um espancamento! Refiro-me sim a um espanta moscas cujo único objectivo é mostrar exactamente à criança o que é bom comportamento, quais as consequências para determinados tipos de comportamento, e que não lhe adianta ir para ali naquela choraminguice porque senão começa a chorar a sério e não ganha nada com isso.

Dou comigo a dar razão ao meu professor. Aplicada ao momento e à hora. Voltamos à história do antigamente. Não era a palmada que nos doía quando éramos miúdos; era a vergonha de irmos na rua e sermos humilhados daquela maneira. Éramos pequeninos mas conscientes de nós e do que nos rodeava.

O mesmo se passa com os miúdos de hoje, e eu vejo pelo meu filho. Gosta de fazer gracinhas mas fica encarnadíssimo quando percebe que estão a ralhar com ele. Baixa a cabeça e faz beicinho, mas não se atreve a chorar. Fica envergonhadíssimo quando alguém lhe diz:

- Um menino tão bonito a fazer caretas tão feias!

E só tem dois anos.

Por isso, professor, dou-lhe mais razão hoje do que lhe dei naquele dia na aula: Psicologia Aplicada ao momento e à hora. Nem mais.

0 comentários:

Enviar um comentário