Ontem vi uma notícia no Telejornal (já não me lembro de que canal porque passo a vida a fazer zapping e para mim é tudo Telejornal), sobre as novas restrições para as prisões.
Familiares indignados queixavam-se que não podiam levar comida, ou que só podiam levar determinadas quantidades de comida, que as visitas conjugais – ou, melhor dizendo, os deveres conjugais – estavam restringidos a determinadas alturas, e que todas as prisões se regulavam agora por um Regulamento Único. E ouvi falar deste Regulamento Único como se fosse a vinda de um Messias há muito profetizado, pelo menos da boca do engravatado atrás de uma secretária que um jornalista qualquer entrevistou.
Até aqui tudo mais ou menos normal, não fossem as queixas dos reclusos cá para fora, que se queixam da comida das prisões, da diminuição das visitas conjugais, das famílias terem de adquirir o tabaco dentro da prisão – e por isto parto do pressuposto que haja uma tabacaria lá dentro – e que me levou a pensar numa importante questão: mas afinal eles estão na prisão ou num hotel?! Roubaram, mataram, violaram, espancaram, fizeram sabe-se lá o quê para lá estarem – e levando em consideração a nossa treta de sistema judicial, é capaz de ter sido grave – e reclamam por não terem tantas visitas conjugais nem tanta comida trazida de casa como antigamente?!
Conheço casais que têm menos “visitas conjugais” que alguns reclusos, e ninguém os houve queixarem-se – ou por outra, não vêm para a televisão dizê-lo. E no entanto dormem na mesma cama, partilham uma vida em comum. Só não partilham mesmo os “deveres conjugais”.
É estranho como as coisas são.
Claro que se disserem que tomam banho de água fria, isso já é outra coisa, até porque preserva a pele mas provoca pele-de-galinha. Têm direito à água quente como toda a gente, completamente certo, não sejamos desumanos – e não, não estou a ser irónica, estou a falar a sério. E claro que têm direito a queixarem-se, mas por amor da santa! Da forma como falaram ontem na tv, fiquei na dúvida se estávamos a falar do sistema prisional ou de algum hotel de cinco estrelas!
E outra coisa que ninguém focou foi se a prisão dos advogados, políticos, etc..., onde esteve o Vale Azevedo e outros trapaceiros como ele, que roubaram muito mais do que os pobres desgraçados das outras prisões, se queixam da comida, da diminuição das visitais conjugais ou da água fria ou se andam caladinhos que nem uns ratinhos porque a comida é de hotel, providenciada por um serviço de catering, a água vai quentinha e ainda têm court de ténis para não se aborrecerem. Claro que se me disserem que esses mesmos “ricopresos” têm a mesma gosma para comer que servem nas prisões normais, eu fico desconfiada. Afinal, se roubar um pão é ladrão; se roubar um milhão, é barão. Então e aqueles que roubam aos milhões os pães de tanta e tanta gente?!
Atão mas atão?!
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