segunda-feira, 31 de outubro de 2011

P'ra Esquecer!!



Já alguma vez tiveram algum dia que parecia que nada corria bem??

Yep... É como diz a música, Why Does it Always Rain on Me???

E hoje nem choveu.

Então é assim: no banho acaba-se o shampôo. Porreiro. E o frasco novo? Na dispensa, claro. Do outro lado da casa. Começa bem.

Uma quiche que já fiz milhentas vezes. Claro que tinha de agarrar hoje à forma. Claro que sim.

E é claro que hoje que não abri a porta ao carteiro tinha de lá estar uma carta registada. Hã-hã.

Ir dar um passeio hoje? Boa ideia, vou calçar aqueles sapatos que... Ideias da treta, pois claro! E é claro que me iam apertar os calos. E para o caso de não os ter, formou um.

Agora tenho o monitor do pc a pifar. Não espirrem não vá partir qualquer coisa!

Até tou com medo de me deitar. Ainda me cai algum bocado de tecto em cima.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Egoísmo



Uma coisa eu acho que já ficou claro na minha maneira de ser e estar: sou frontal. Sou directa. Não tenho paciência nem feitio para falsidades. E não tolero egoísmos.

Não sou descartável. E não admito que me tentem atirar areia para os olhos. Estou-me nas tintas se gostam ou não da minha maneira de ser, ou compram a embalagem toda ou mais vale nem tentar abrir o pacote. Não tentem é fazer de mim parva.

Quando me dizem que uma mãe não via um filho durante três meses ou mais, esquecem-se que também são mães - e galinhas por acaso - e que no caso delas também não iam gostar.

Mas preferem virar a cara para o lado porque lhes é mais conveniente assim.

A conveniência de hoje não é a mesma de ontem e não será igual à de amanhã. Mas uma vez mãe, sempre mãe. Um dia mais tarde lembrar-se-ão disto. E queira Deus que as palavras hoje pronunciadas não lhes venham um dia a amargar na boca.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Cansaço


Estou tão terrivelmente cansada...

Farta da hipocrisia das pessoas, farta de lutar contra a maré, farta de tentar reunir energias quando eu própria já não me sinto com coragem...

Farta de ser super-mulher, porque o meu dia começa cedo e acaba tarde e mesmo assim não ouço senão vozes discordantes nos ouvidos...

Faço o que me manda a consciência, mas isso não é suficiente.

Faço o que está ao meu alcance, mas não é suficiente.

Cansada.

sábado, 1 de outubro de 2011

Uma Última Partida de Dominó



Em miúda, jogava muito ao dominó. Ou o meu avô ou a minha avó sentavam-se comigo e estavam horas a jogar. Faziam fintas, negaças e muitas vezes deixavam uma miúda abelhuda ganhar apenas para ver o seu sorriso desdentado de quem já está a perder a dentição de leite.

O meu avô faleceu há muito. E quando o coração desistiu de bater, ele já não reconhecia a miúda desdentada na adolescente de sorriso triste. Ele já não reconhecia a neta. Ele já não reconhecia ninguém.

Ficou a minha avó.

Excelente bordadeira, não havia segredo do croché que não conhecesse. Fazia um naperon mais rapidamente do que eu conseguia desenrolar os olhos. Parecia que mal pestanejava já o naperon estava feito.

Comprei meadas e meadas de linhas para ela fazer os seus naperons. Tenho tantos feitos por ela que não tenho mesas que cheguem.

Tinha uma astúcia serena a jogar, uma calma e um sorriso meigo. Era a avózinha que todos queriam. Cúmplice e bem disposta.

Mas a demência também a apanhou. Já não há astúcia serena a jogar dominó. Tenta contar as pedras e engana-se frequentemente porque embora saiba as regras, já não as consegue aplicar. Perdeu muitas coisas e a agulha do croché foi a primeira. Já não há naperons. Às vezes já não há reconhecimento.

Fala do bisneto como se tivesse estado na pele da neta. O que eu fiz, na cabeça dela, fez ele. O que eu disse, na cabeça dela, fez ele.

E alturas há em que na cabeça dela, ele já não existe e eu sou bebé de berço.

Hoje jogámos dominó. E ainda que ela ainda não o saiba, foi a última porque amanhã a vida dela vai mudar. Já não pode estar sozinha, uma vez que já não consegue tratar da higiene básica.

Já não há astúcia serena. Já não há astúcia. Já não há croché. Já não há reconhecimento.

Tantos já não hás...!

Ficou a desorientação, o olhar por vezes vazio, o sorriso triste.

Ficou o piloto automático, mas a minha avó já cá não está. Fisicamente, está alguém que usa o corpo dela e fala com a voz dela, mas já não é a avó que eu tinha.

Gostava, por uma hora que fosse, reviver aquela criança desdentada e de sorriso franco e a avó com a astúcia serena e o avô brincalhão.

O presente é uma dor constante. Cada jogada daquela última partida de dominó uma facada no coração.

Eu quero a minha avó.