Nunca se falou tanto em acordo ortográfico como agora. Ou desacordo, do meu ponto de vista.
Como sou casmurra todos dias, e adoro a Língua Portuguesa, que tão mal tratada tem sido nos últimos tempos, proclamo em alto e bom som que não só não escrevo de acordo com as novas regras, como acho uma ofensa aquilo que tentaram fazer ao Português.
1º - Falou-se numa aproximação ao Português do Brasil. Mas tenho alguns amigos brasileiros que nunca ouviram falar nalgumas palavras que nos tentaram impingir.
2º Falou-se em “modernizar” o Português. Quando palavras tipo “bué” já entram no dicionário português, eu fico com uma urticária desmesurada. Quando expectadores se converte em espetadores, é a “coceira” total (já que querem palavras brasileiras aqui fica mais uma e esta existe sim do lado de lá do oceano atlântico).
3º Querem aproximar Portugal do Brasil dando valentes pontapés na nossa gramática que é única no mundo. Tenho a dizer que a nível de pobreza, desemprego (juvenil e não só) e salários baixos do povo contra salários riquíssimos da classe (des)governante, estão lado a lado. Mas a nível do (Des)Acordo Ortográfico só fizeram asneira.
4º Todos os livros que adquiri após esse maldito (Des)Acordo, especialmente da editora Saída de Emergência, provocaram sobressaltos e paragens na leitura, porque o meu cérebro primeiro identifica um erro ortográfico, e depois fica na dúvida se era o tradutor que era burro ou se é efectivamente o tal dito (Des)Acordo. E falo nisto porque até os livros adquiridos antes do dito (desculpem lá mas estou farta de falar numa coisa ao qual me recuso a atribuir importância no dia a dia) têm cada pontapé na gramática - ou, se preferirem, cada calinada - que até dói na alma. E o problema não se restringe só àquela editora, o que me leva a concluir que os próprios editores andam à nora.
Eu, por mim, continuo a escrever como sempre escrevi. E com um livro publicado, tenho a dizer o mesmo que disse na Editora: só sei escrever em Português; Brasuguês não é comigo. E não só me aplaudiram como publicaram o livro tal qual o tinha escrito.
Não é certo culpar o Sócrates pelo (Des)Acordo; foi no governo do Eng Guterres que ele foi criado, e por muito catedráticos jubilados e com outros título igualmente pomposos mas com a inteligência de uma formiga morta. O Sócrates limitou-se a ir ao sotão buscar esta asneira e a pô-la em vigor. E agora há contestação porque o CCB (e ao que consta a Univ. do Minho) o tiraram de circulação.
Vamos a ver: quando dois elementos altamente conceituados quer no mundo da cultura quer no mundo da educação tiram aquela ofensa à Língua Portuguesa de circulação, algo quer dizer.
Quanto mais não seja, quer dizer que preferem continuar a defender uma língua que é nossa, rica em complexidades e complexa na sua riqueza, e que nos equaciona enquanto povo.
1 comentários:
Assino e subscrevo por baixo. Recuso-me a escrever ao abrigo da modernice.
Beijinho
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