terça-feira, 17 de maio de 2011

Chuva de Prata



Ontem choveu. Pingos grossos, pesados, que magoavam quando caíam. Na rua, transeuntes apressados corriam para se abrigar. De onde viera aquela chuva tão intensa, tão de repente, como se cobriu o céu de relâmpagos quando ainda há momentos estava tão límpido?

Fico a ver chover, olhando abstractamente pela janela. O marido chega, praguejando contra a chuva repentina que o encharcou. Nem a propósito, a Gal Costa começa a cantar Chuva de Prata. Ele vem, abraça-me e encosta o queixo à minha cabeça.

A chuva é tanta e tão intensa que levanta fumo. As mãos dele envolvem-me, esfregando-me os braços num gesto que tem tanto de distraído como de ternurento.

E com um beijo a cheirar a chuva, ouço-o dizer baixinho:

- Cheguei, querida.

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