Tirando uma visão ocasional desse monumento ao macho latino Zezé Camarinha, a maioria das pessoas olha para os estrangeiros e vê um “bando de cámones armados aos cágados a falar uma língua estranja qualquer só p’ra s’armarem em bons” (Ouvi esta uma vez no metro, em Lisboa).
Depois temos aquele génio da publicidade que iniciou a campanha Allgarve (acho que D. Afonso Henriques deu umas quantas voltas no túmulo, pois andou a vida toda a tentar lá chegar e agora até insultam a região) a reafirmar que Portugal é um país que recebe os seus convidados de braços abertos, eu pergunto, enquanto passeio a vista pela paisagem deserta da lezíria alentejana:
- E tivemos escolha?
Onde antigamente se erguiam altaneiras as searas, reinam as ervas daninhas, quando não é o cinzento dos incêndios. Onde antigamente se viam os barcos virem carregados da faina, temos o peixe a preços caríssimos vindos sabe-se lá de onde mas de Portugal não deve ter sido com certeza. Onde antigamente passavámos pelos pomares e crescia-nos água na boca só com o cheirinho da fruta a amadurecer ao sol, agora vemos acres de terreno vazio e votado ao abandono – e se quisermos fruta temos de ir ao supermercado, pagá-la a preços inflaccionados e que não sabem a nada, mas que vêm de todos os lados menos de Portugal. Até as laranjas!
Se não for o “cámone estranja” a deixar cá o euro, quem é que o vai deixar, quando os políticos, ou melhor, os chupistas que fazem alternadamente de Governo e Oposição (como se não comessem todos do mesmo prato) são pagos para não fazer nada, para suspender a produção? E o ridículo é que não seriam aqueles rabos engravatados a levantarem-se das suas confortáveis cadeiras e a pôr a mão na massa, ou melhor, na enxada.
Produz-se excesso de leite nos Açores. Excesso de leite que podia ser exportado, ou convertido em iogurtes, manteigas e etc... E o que se faz? Multa-se o produtor, que não tinha nada que vir concorrer com aqueles produtos importados sabe-se lá de onde, que não sabem a nada mas que a União Europeia acha por bem que se venda cá porque não encontram ninguém suficientemente estúpido para empadeirar a coisa. Para além do Português, claro está.
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