sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Nascemos em Pelota...



... Mas o mundo encarrega-se de nos vestir! O meu rebento ainda nada na morna placenta da mãe (com o devido respeito a Pablo Neruda), e a mala do que é necessário levar para a maternidade mete medo:


Mala de maternidade para o bebé

  • 1 gorro
  • 2 pares de meias ou botinhas
  • 5 babygrows
  • 5 bodies
  • 2 chupetas diferentes
  • Manta e lençol para a alcofa
  • 1 cadeirinha ou alcofa (para a saída)
  • Algumas fraldas de pano
  • 15 fraldas de recém-nascido
  • 2 toalhas de banho

Mala de maternidade para a mulher

  • Documentos pessoais, cartão do seguro de saúde e cartão de utente
  • Últimos resultados dos exames efetuados durante a gravidez
  • Produtos de higiene pessoal (champô, creme de corpo, desodorizante, pasta dos dentes, creme de rosto, gel de banho)
  • Um pequeno kit de maquilhagem incluindo batom do cieiro  
  • Escova e ganchos para o cabelo
  • 3 camisas de dormir confortáveis que facilitem a amamentação e bem bonitas
  • 2 ou 3 soutiens de amamentação
  • 1 par de chinelos confortáveis
  • Creme protetor para os mamilos
  • 12 cuecas descartáveis
  • 1 robe
  • 1 caixa de discos absorventes (amamentação)
  • Pensos higiénicos bastante absorventes
  • Cinta pós-parto
  • 1 toalhão de banho
  • Roupa para a saída do hospital
  • Água para beber
  • Alguns snacks
  • Telemóvel e carregador
  • Máquina fotográfica e carregador
Esqueceram-se da pia da cozinha e da tábua de passar a ferro!!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Quase lá



À medida que se aproxima a altura, começo a ter receios. Para começar, um normalíssimo e saudável medo da "hora H". É compreensível... Por muito que digam que "entrou, vai ter que sair", convenhamos: entrou mais pequenino, vai sair muito grande. E por muito pequenino que seja, parece sempre um bocado cabeçudo. Pelo menos para quem está deitada.

Ao mesmo tempo, sinto ansiedade. Estou ansiosa para ver a carinha. A barriga está muito descaída, já muitos me disseram que não vai chegar ao fim, e a ansiedade começa a instalar-se.

É uma aventura... e já lá vão quase oito meses desde que a iniciei. Parece que foi ontem. Os ponteiros do relógio não param, imensuráveis.

Está quase.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Entre pães e pões há várias opiniães‏



Não consigo deixar piada às pessoas que, não obstante a confusão em que as suas próprias vidas andam mergulhadas, mesmo assim gostam de mandar bitaites à vida dos outros. São aquelas pessoas que ontem diziam uma coisa e hoje já dizem outra – haja coerência!! – mas mesmo assim passam a vida a mandar postas de pescada ao ar.

A semana passada foi-me dito uma coisa pelo telefone, e com tanta mais perseverança que quem a ouvisse não a levava presa, com toda a certeza. Ontem já deu o dito pelo não dito, porque afinal a semana passada já passou, e ainda tentou meter o bedelho e mandar a boa da opinião.

Não pedi opiniões, mas mesmo que tivesse pedido, teria sempre analisado as opções e teria feito rigorosamente o mesmo, até porque não tomo atitudes de ânimo leve. Não levo propriamente meia hora a decidir se quero canela no pastel de nata, mas também não me atiro de cabeça sem pensar duas vezes.

Não consigo deixar de achar piada a quem anda a choramingar pelos cantos porque lhe estão a passar a factura do que andou a esconder durante anos, e mesmo assim ainda julga que pode atirar areia para os olhos dos outros. Allôôô??? Tenho cá estado, tenho assistido a muita coisa e não partilho a tua cegueira!

Haja coerência! Quanto mais não seja entre o que é dito de uma semana para a outra, já que entre o que é dito e o que é feito tu não consegues!

sábado, 27 de outubro de 2012

"Bati com a tola!"



“Bati com a tola”

Ouvir isto às quatro da manhã não devia ser cómico. E realmente só se tornou cómico duas horas, um duche e um café mais tarde. Mas o facto é que foi.

O meu garoto levantou-se de noite para ir à casa-de-banho, mas com tanto sono que bateu com a cabeça na ombreira em vez de a contornar. Choramingou e saiu-se com um muito ensonado “bati com a tola!”

A crise foi rapidamente resolvida, e cinco minutos depois o garoto dormia a sono solto. Mas a tola às quatro da manhã dá-me vontade de rir, mesmo que só de recordação.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Loneliness





O cansaço cola-se a mim como uma segunda pele, cada vez mais é um sacrifício levantar-me de manhã, mas tu não vês nada disto. Avalias a qualidade do que aí vem pelo cromossoma que lhe transmitiste, e consideras-te desiludido e castigado. Afastas-te e não perguntas.

Para onde foi o teu entusiasmo? Alguma vez quiseste?

Nunca te ponhas na posição de me obrigares a escolher, porque perderás. Tão certo como o sol não nascer do lado da Irlanda Ocidental, tu perderás.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Chafariz

É engraçado como damos certas coisas como garantidas e nem nos apercebemos da sorte que temos em tê-las diariamente. São coisas básicas: luz, água, gás... pode não parecer, mas foi uma grande invenção. Só o facto de não ter de lavar a roupa no tanque com água que fui ao chafariz buscar já é bom. Apetecer-me um copo de água e ter de verificar o nivel de água no balde primeiro também.

Porque é que digo isto?



Ontem rebentou um cano no meu prédio que afectou todos os andares. A EPAL disse logo que o problema não era deles, para se chamar os bombeiros para cortarem a água e depois chamar o canalizador. Eram oito da noite, já não havia muito tempo para se chamar canalizador algum. Mas lá chamaram os bombeiros para cortar a água, tendo tido o cuidado de avisar o prédio em peso para encherem uns quantos baldes antes que a água fosse cortada.

Como todos, foi o que fiz. Enchi baldes, jericans de água e ainda consegui tomar banho (outro, porque já tinha apanhado uma bela molha nesse dia. Quem diria, por uma vez a metereologia acertou, choveu mesmo!). Mas quando fui para dar banho ao garoto, já a água estava cortada.

É claro que é nestas alturas que parece que tudo acontece: o garoto quis água, bebeu engarrafada. A loiça ficou para lavar no dia seguinte, a máquina da loiça estava cheia e a pedir uma lavagem, o cesto da roupa suja a abarrotar, e o garoto com uma sede daquelas, parecia que tinha comido bacalhau e do salgado! E dar banho ao garoto? Foi de alguidar, pois claro! Ele não gostou muito, mas enfim, logo já toma banho normalmente. Isto se o cano estiver arranjado. Se não estiver é que vai ser mais complicado...!

Pensar eu que nos tempos da minha bisavó era tudo assim, no tanque, com água do chafariz, ou em alguidares. E sobrevivia-se. Não se tomava era tantos banhos como agora, isso é verdade. Mas a loiça era lavada, e a roupa também, nem que fosse em tanques comunitários. Se quando a minha bisavó era nova lhe dissessem que daí a uns anos a água ia ser canalizada, ela provavelmente ria-se. E depois ia ao chafariz.

Já a mim, se me dizem que logo tenho de recorrer aos alguidares outra vez... bem, não me vou rir com toda a certeza.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Este só pode estar a gozar



Acho uma piada imensa aos palhaços que pensam que os subalternos são robots. Que são tão frios emocionalmente, tão desprovidos de sentimentos, quanto eles próprios. Lá porque têm um bloco de gelo no lugar do coração, lá porque são geneticamente incapazes de ver para além do próprio umbigo, devem pensar que os outros funcionam no mesmo comprimento de onda. Mas aqueles que vivem no mundo real, que têm sentimentos, que têm família, estão cansados e fartos de ser explorados. Acho que este palhaço em específico ainda não percebeu que não é armado em besta que leva a dele avante. Porque quanto mais pressiona, menos leva. Mas está com sérias dificuldades em entendê-lo.

Por mim, e porque não tenho propriamente picos na língua ou problemas em afirmar-me, vou fazê-lo entender. Se não percebe a bem, percebe a mal. O trabalho acumula? Azar, desemerde-se. Ou começa a ver a sua própria equipa como sendo composta por pessoas humanas ou prepara-se para ser soterrado debaixo das pilhas de trabalho.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Artigo de Pedro Afonso - Médico psiquiatra

Li este artigo, que foi publicado no Público, e não posso deixar de partilhar.




Transcrição do artigo do médico psiquiatra Pedro Afonso, publicado no
Público


Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas
esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.

Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo
epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da
Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No
último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença
psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas
perturbações durante a vida.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com
impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência,
urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das
crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens
infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos
dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos
os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na
escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos
terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade
de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural
que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos,
criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze
anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100
casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo
das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres
humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas
sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém
maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa,
deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos
ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de
alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez
mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família.
Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença
prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e
produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de
três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a
casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma
mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão
cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três
anos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de
desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho
presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela
falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição
da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual,
tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar
que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês,
enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à
actividade da pilhagem do erário público.
Fito com assombro e
complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de
escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando
já há muito foram dizimados pela praga da miséria.

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com
responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos
números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de
pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um
mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de
um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência
neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o
estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se
há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma
inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.

Pedro Afonso
Médico psiquiatra

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Segunda-feira



A segunda-feira é sempre lixada. Quer porque seja o primeiro dia de trabalho a seguir a um ou dois dias de descanso, quer seja porque o despertador nos obriga a madrugar – malandro! – a segunda-feira tem muito má fama. A pessoa está em baixo, há sempre alguém que diz: “Tás com cara de segunda-feira!”, ou então o sempre eterno “a segunda-feira devia ser dia de descanso”.

Também me arrastei para fora da cama com muita dificuldade, confesso. E como todas as segundas-feiras, lembro-me de ter pensado: “O quê, já?? Ainda agora me deitei!”

Fiz as minhas abluções matinais e depois pratiquei um desporto olímpico não reconhecido: tirar o garoto da cama depois de um fim de semana de farróbadó. Vinte minutos depois de ter iniciado a modalidade, lá consegui tirá-lo, vesti-lo e lavá-lo antes que ele tivesse tempo de reclamar. A reclamação veio depois: “Não tenho fome, não quero comer, não quero escolinha”.

Ouvidos moucos e ala para a paragem do autocarro. Aí chegados, descubro que os lugares reservados às grávidas estavam ocupados mas como era pela terceira idade, nem olhei duas vezes. A mim pesa a barriga, a eles pesa a idade. O puto entretanto continuava: “Posso ir contigo ganhar tostão, mãe? Não quero ir para a escolinha!”

Ainda não tem quatro anos e já me diz que não gosta da escola. Estou tramada com o rapaz!

Chego à creche e descubro-a fechada porque a professora dele se atrasou. Tudo bem, todos temos direito a uma segunda-feira lixada, até a professora. Eu é que começo a olhar para o relógio.

Deixo-o na creche e vou para o metro que, como de costume, vem a abarrotar. E pior que isso, no lugar reservado às grávidas estão dois jovens cheios de malas que nem português falam. Por sorte, o sinal da gravidez é inconfundível. Um levanta-se para que eu me sente, não sem me tirar medidas e ver se a minha barriga é maior que a dele. A única diferença é que a minha não é de cerveja.

Venho no metro, semi-atenta às conversas em meu redor:

“- Nem quis acreditar quando aquela porcaria tocou!”
“- Ainda estou cansada do fim de semana!”
“- Vi-me grega para sair da cama!”

Conversas elucidativas. Dúvidas houvesse sobre o dia da semana em que estou, as conversas esclareciam-me.

Chego ao trabalho, olho em volta e está tudo com ar sonolento, rabugento e de expressão predominantemente fechada. Os bons-dias traduzem-se em: “que ninguém me diga nada!”

Resumindo, o dia ainda ia no inicio e já estava tudo a olhar para o relógio, a ver quando acabava.  Pus-me a pensar, temos cinco dias na semana em que o despertador nos arranca às profundezas do sono, e de uma forma bastante ingrata. A rotina é igual todos dias, mas é a segunda-feira que paga as favas. Porque será??

sábado, 15 de setembro de 2012

Para o R.



Já passaram duas semanas desde que foste embora. Os restos do jantar vão para o lixo, mas ainda tenho o hábito de pensar "tenho de lhos dar". E depois recordo-me que já cá não estás, e que o que tenho na mão tem como destino o lixo. Costumava dizer na brincadeira que eras a minha "Brigada de Limpeza Canina", pois quando caía alguma coisa aí ias tu ver se era saborosa. Lembras-te quando deixei as espetadas temperadas e tu rapinaste uma? Lembras-te do pacote da mortandela que comeste de empreitada? E o pedaço de torresmo, quase tão grande como tu, que arrastaste para a cozinha, esperando que eu não desse conta?

Ou daquela vez que te atiraste àquele cretino imbecil apenas porque pressentiste que eu o detestava? Nunca pensei que conseguisses reagir assim aos meus sentimentos, estávamos em sintonia.

Foste sempre incapaz de odiar. Eras meigo mesmo quando não conhecias. Crianças, adultos ou idosos, todos conheciam o teu lado meigo. Foi aquela a única vez que te vi zangado. 

Sei que estás melhor agora, que estás permanentemente acompanhado, que já não te sentes só, mas continua a doer a ausência, a sensação que havia algo que podia ter feito e não fiz, algo que estava fora do meu alcance.

Continuam a perguntar por ti, continuo a encolher-me na cama, como se ainda dormisses a meus pés. Quando entro em casa ainda espero encontrar-te, vejo outro igual a ti na rua e penso em ti. Fazes-me tanta falta, a tua companhia silenciosa, como só tu sabias fazer.

Sei que estás melhor agora e só isso é que me permite combater a saudade que sinto.

Ainda bem que estás melhor agora. Acompanhado o dia todo, com crianças para brincar... Sei que estás melhor, meu querido R.


(Imagem tirada do Google)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Apelo à Selecção



Não é que eu não tenha espírito desportivo – e até tenho... às vezes – ou que ligue muita importância ao futebol. Mas quando joga Portugal, tento prestar atenção.

Ora bem, tirando a parte em que no jogo da Alemanha o árbitro andava a lamber as botas à Merkel – ou outra coisa qualquer, mas sinceramente só a ideia da criatura de língua de fora até enoja – Portugal até tem conseguido levar a água ao seu moinho. Às vezes precisa de levar na bolacha para abrir da pestana, mas isso são outros quinhentos.

Como todos os portugueses que se prezem, eu tenho dois ídolos: o Eusébio e a Padeira de Aljubarrota. O Eusébio, porque levou o meu clube mais além e pena é que não hajam mais com ele (no meu clube, entenda-se). A Padeira, Brites de sua graça, enfardou em seis espanhóis sozinha, munida apenas de uma pá – e não eram seis homens do povo; estavam armados (e não era em parvos), tinham armaduras e eram espanhóis.

Gabando-me eu de ser portuguesinha de gema, detesto tudo quanto venha de Espanha: desde a cara balofa do rei que gosta de andar aos tiros a animais em vias de extinção que vem cunhada nas moedas de euro, até à língua que arranha os ouvidos só de ouvir aquela algaraviada (mania de chamar servizio à casa de banho! Um autista já percebeu que é uma casa de banho,estão a chamar-lhes nomes para quê???), não há nada que se aproveite (excepto aquela que ainda há-de vir que diz que a Espanha desapareceu, qual Atlântida. Hope Springs Eternal!)

Ora isto tudo porquê? Porque aqueles grandes filhos de uma grande... ah... gralha... estão a dizer que eles é que vão estar na final com a Alemanha, que isto é favas contadas, que Portugal é só Ronaldo, e sei lá eu mais o quê.

Ponto primeiro, que eu saiba a Itália ainda não desapareceu em nenhuma catástrofe natural; ainda está em jogo e garanto-vos que, por uma questão de lealdade latina, vou ser toda italiana no dia em que jogarem. Ponto segundo, só a ideia de perder com aqueles línguas de trapos fedorentos enoja-me quase tanto como o cheiro do peixe cozido.

Não é que eu seja tendenciosa ou facciosa; o problema é que sou tendenciosa e facciosa. Ou sou ou não sou. Ou gosto ou não gosto.

E de Espanha não gosto mesmo nada, desde o povo ao país, por mim é tudo desperdício de oxigénio. Portanto, fica aqui um apelo à selecção portuguesa: trucidem aqueles sacanas! Mandem-nos para casa com o ego destroçado e o rabinho entre as pernas (e se possível abatam o avião onde eles viajarem). É que nem me interessa se ganham ou perdem o Euro, mas esfolem aqueles tipos! Peçam à Brites umas dicas, que ela diz-vos como é.

Não que eu seja rancorosa.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Selecção "Village People" Portuguesa



Quando vi esta imagem, a primeira coisa que pensei foi: Meu Deus!!!! Os Village People reproduziram-se!!!!!

(E tive direito a um cartaz tamanho A3; não sei porquê, até porque sempre pensei que aquilo para papel higiénico era rijo, mas adiante).

Foi efectivamente o que pensei (Village People rules!) até ver que um deles era uma estátua de cera do Nani. Não, era o próprio Nani. Eh caneco, calmex que isto afinal se calhar não é a expansão do Museu da Madame Toussaud. Isto é mesmo a selecção nacional. Quem diria??

Passei os olhos pela imagem – digam lá que não é bonita – e pensei logo, não seja por falta de pose, que estes meninos andam a treinar para manequins (senão acontece como àqueles que quando acabam a carreira vão viver para debaixo da ponte porque acharam que o dinheiro era eterno).

Depois olhei para o Cristiano Ronaldo e a primeira coisa que me passou pela cabeça foi “Hitler regressou! Afinal o homem não morreu!” – depois é que vi que a braçadeira no braço do moço não era a suástica, era a bandeira de Portugal cortada. Como sempre achei que o homem na selecção não fazia nada de jeito, não deixa de ser irónico que se assemelhe tanto a Hitler. Só faltou o bigodinho.

Pelo menos o Nani “Sr-Doutor-Estátua-de-Cera” faz alguma coisa de jeito! Joga à bola, que é para isso que lhe pagam balúrdios!

Agora ver aquele juíz no meio, não sei porquê, faz-me sempre lembrar o “Quem tramou Roger Rabbit”. O Juiz Doom, subentenda-se. Sabem, aquele que era mau como as cobras, gostava de matar desenhos animados e queria constuir uma auto-estrada no meio da Cidade dos Desenhos? Aquele tão brilhantemente desempenhado por Christopher Lloyd?

Quase estava à espera de ver os fuinhas.

Tudo somado, acaba por ser uma equipa de poses que ainda não aprendeu a trabalhar em conjunto, que tem de aprender o significado da expressão “trabalho de equipa” (já a expressão “vedetismo” aprenderam que foi uma beleza, mas esta expressão só tem uma palavra, acaba por ser substancialmente mais rápida de compreensão).

Se jogarem tão bem como pousam para a fotografia, o Euro está no papo.

Ou não.

terça-feira, 13 de março de 2012

Diminutivos



O meu nome não é grande, mas conseguiram encurtá-lo ainda mais. Durante anos, só uma pessoa me chamava Katy, e era a minha avó. Nunca, que eu me lembre, me tratou pelo meu nome completo até eu perfazer 22 anos – e só foi assim nessa altura porque lhe apresentei o meu namorado, futuro marido. E mesmo aí – ainda hoje penso assim – foi descuido. Porque só depois do meu filho nascer é que deixei definitivamente de ser Katy para ela, e isto porque tinha um bebé para mimar. E oh se ela o queria mimar! (Mimar, abraçar, beijar, e afins).

Coisa curiosa, nunca me aborreceu – nem na idade estúpida da adolescência – que ela me tratasse pelo meu diminutivo. Ela. Só ela. Nunca o resto da família.

O meu filho tem vários nomes carinhosos, e responde por vários. Coisa curiosa, o nome dele também é curto mas consegui prolongá-lo. No meu caso, encurtaram-no; no caso dele, alongaram-no.

Amamos uma pessoa com toda a nossa alma, mas raramente a tratamos pelo nome. Pelo menos, o nome que vem no bilhete de identidade ou cartão único ou lá o que lhe queiram chamar. Arranjamos nomes curiosos, que prolongam ou diminuem o original, mas que não é aquele que nos foi atribuído.

Com uma excepção. Ter dois nomes próprios é útil e eu sempre achei que combinava com um par de berros. Sejamos realistas: se houver uma forma de uma criança fazer disparates, o iconoclasta pequeno ser descobre-o. E faz. Cabe aos pais/avós/adulto responsável pelo piolhito a correcção. Nessa altura, não só se usa o nome inteiro, como se usa o segundo nome também.

O curioso é que também resulta com adultos. Por exemplo, se eu pedir qualquer coisa ao meu marido, e começar com: “amor”, “fofinho” ou outro nome igualmente carinhoso, estamos bem. Quando me salta a tampa, uso os dois nomes próprios. Não são úteis? Pai e filho percebem logo que o caldo entornou.

Os meus pais só me tratavam pelos dois nomes quando eu já tinha feito alguma das boas (a minha outra avó é a excepção. Conhecia-me tão bem que ainda antes de eu fazer os disparates já ela os andava a prever e vinham de lá os dois nomes de empreitada). Com o meu filho, é a mesma coisa.

Só a minha avó é que me tratava pelo diminutivo sempre, fosse em que ocasião fosse (mesmo quando fazia asneiras, mas nesse caso o tom mudava radicalmente). E o curioso é que fazia muito menos asneiras com ela do que com os pais ou os outros avós. Porque seria?

Seja como for, com ou sem asneiras, uma coisa é certa: os diminutivos (ou aumentativos dependendo do caso) são importantes e dessa forma manifestamos o carinho por alguém; o segundo nome próprio combina com um par de berros e manifesta exaspero na melhor das hipóteses.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Limões



Há coisas que me fazem uma confusão danada.
Mas quando vem um economista dizer para as notícias “Portugal é um barco que está a meter água e a consciência dos portugueses devia de ser a de quem perdeu a guerra”, como foi o caso do Sr/Dr/Eng/whatever João Salgueiro, Economista, fico a pensar: o que é que eu devo e a quem?
Vejamos: paguei as minhas contas (água, luz, etc...) e até o VISA, ao qual tive de recorrer em altura de doença. Paguei a renda, paguei a conta da farmácia, paguei todas as minhas despesas e inclusive estou a trabalhar para pagar as próximas facturas que me hão-de aparecer. Quanto muito, devo à minha vizinha o limão que lhe fui pedir para fazer o arrozinho doce a semana passada (lembrete a mim própria: comprar um kg de limões e dar à vizinha, que a inflacção tá pela hora da morte).
Bem vistas as coisas, devo um limão e nem sequer é ao governo. Então porque é que dizem que cada português deve não sei quantos mil euros a não sei quem? Dei-me ao trabalho – e à despesa! – de ir às Finanças pedir uma declaração em como não devo ponta às Finanças, e o meu filho tem dois anos, a caminho dos três, e os seus pais matam-se a trabalhar para que não lhe falte nada. Não usa VISAS, não sai à noite e o seu vício é a chucha, da qual não prescinde para dormir. Então se nenhum de nós deve nada a ninguém, como é possível cada português dever não sei quanto a não sei quem?

(Não esquecer: limões).
Voltando ao barco e à guerra, assim de repente a última guerra que me lembro de ter visto o nome de Portugal envolvido foi na guerra colonial – e como ainda não era nascida, acredito no que me contame no que vem nos livros – e a seguir à guerra, ou antes ou durante, que isto para datas sou uma nódoa, os cofres do país estavam ricos. Não é como agora, que são ricos em teias de aranhas e papéis de dívidas, mas ricos em ouro. E no entanto, vem um economista – que pela provecta idade imagino ser uma pessoa de renome no seu meio – dizer que estamos a meter água e que a nossa atitude deveria ser a de quem perdeu a guerra.
(Limões; já anotaste??)

Vamos por partes. Primeiro, não meto água em lado nenhum porque a minha canalização está em perfeitas condições, obrigado (é que nem sequer consigo tomar um raio de um banho de imersão porque ando sempre a correr), portanto imagino que esteja a falar por alegorias, e nesse caso tenho a informá-lo que sou muito literal e que nem sequer a minha casa devo ao banco porque é alugada, logo, devo ser muito estúpida mas não percebi. Queira clarificar por favor.
Segundo, não posso ter perdido a guerra porque nem sequer era nascida na altura da guerra colonial – recordo, a última guerra na qual nos envolvemos. Formalmente, pelo menos. Mais uma alegoria? O cavalheiro devia ser filósofo, arrisca-se a fazer sombra a Platão com tantas alegorias.
Terceiro, se Portugal é um barco prestes a afundar, não devíamos cuidar primeiro que tudo do rombo? É que atirar água fora com baldes não chega, é preciso vedar o buraco senão é estar a trabalhar para aquecer, o nível da água não baixa nunca.
 
 
Quarto, e muito importante, se as Finanças declaram (com carimbo e tudo!) que não lhes devo nada, porque motivo vêm dizer que a dívida dos portugueses está insustentável? E mais importante que tudo, porque é que não passam a factura a quem fez estes estragos e põem ponto final de uma vez por todas a esses chupistas que andam a lamber o fundo ao tacho, na esperança que esteja banhado a ouro? É que o ouro já foi, e toca sempre aos mesmos o pagamento da factura. Acabem com essas fundações, que ninguém percebe bem para que servem ou o que são, acabem com a segurança privada dos ex-PR, porque na maioria até era um favor que nos faziam se alguém pusesse fim à sua existência, mas quem é que iria gastar o seu precioso tempo – e uma bala! – com eles!

(Já compraste os limões?)
 
 
Sinceramente, de alegorias entendo pouco mas também não quero destronar o Platão. O que quero mesmo é agarrar nesta corja e lançar ao mar com uma âncora presa aos pés.
Ah, e restaurar a justiça em Portugal. Porque pelos vistos o grave não é matar, é roubar o povo e não conseguir fugir.
(Ai, não me posso esquecer dos limões!!)

terça-feira, 6 de março de 2012

Então e as Pessoas?

Dizia o nosso ex-Presidente da República hoje no TVI 24 e sabe Deus onde mais onde. Então e as pessoas? Aumentos brutais na saúde, aumentos brutais nos transportes, aumentos brutais no custo de vida, aumentos brutais de tudo – menos dos ordenados, que estagnaram.

“ O mais importante são as pessoas, não o dinheiro!”, insurgia-se o senhor. O que este cavalheiro se esqueceu de referir foi que não fossem as 32 viagens ao mundo que fez enquanto PR, se calhar tínhamos um pouco mais de dinheiro, porque a bem dizer Salazar deixou o país rico. Inculto, sim. Mas rico. Ou então levava um bocadinho menos de tempo a delapidar o erário publico, uma vez que embora não tenha sido o único chupista, ajudou e com um valente pontapé. AGORA é que se lembra das pessoas? Com os idosos a morrerem por não terem dinheiro para os medicamentos/médicos/INEM/whatever?

É óbvio que não se pode culpar o cavalheiro pelo desemprego actual. Não vamos culpar o homem de tudo! Mas podemos e devemos apontar o dedo aos verdadeiros culpados, que estão/estiveram no poleiro e que apesar de serem apanhados em tramóias do arco da velha, conseguem sempre escapar-se ou com pena suspensa ou completamente livres “por uma especificidade técnica que anula o julgamento”.

Mas se alguém roubar um pão, vai preso.

Que se lixem as pessoas. Ao menos tenham a decência de parar de fingir que se importam com quem esmagam debaixo do pé, porque verdadeiramente vocês estão-se todos nas tintas, bebem todos da mesma gamela dourada e não passam, todos!, desde o ex-PR até ao actual PR de uns gigantescos aldrabões, ladrões e outros que tais acabados em “ões”.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Back... Or so I Hope



Pois é, ausente, desaparecida, e outros que tais... A culpa é deste balde de microchips que resolveu avariar.

Deu que pensar... tenho tantos hobbies, mas à noite sentia falta desta coisa... é engraçado como são as coisas, antigamente sendo desconhecido, era desnecessário, e agora... Imprescindível.

Curioso.

Enfim, estou de volta... espero eu!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Da Finlândia com Saudades



Ouvi hoje nas notícias que o nosso estimadíssimo – e empobrecido! – Presidente da República está de visita à Finlândia. Ora bem, se o homem para se deslocar aos Açores levou uma pequena comitiva com alguns 12 seguranças, para ir à terra do gelo deve ter levado um exército atrás.

 Espero que se tenha lembrado das luvas que aquilo por lá é fresquinho.

 Então andava o homem nas suas passeatas quando se lembrou de dizer que espera que esta visita aproxime Portugal da Finlândia. Dei comigo a pensar, uma vez que geograficamente falando Portugal só vai para o pé da Finlândia se uma carrada de maremotos o empurrarem, o homem (e uso este termo liberalmente) só pode estar a referir-se ao estilo de vida. Ora bem, se na Suécia e na Finlândia os políticos vão trabalhar de autocarro, penso que em Portugal ficava resolvida de uma vez por todas a questão de tempos de espera de quase uma hora nas paragens dos autocarros. Não se podia pôr o PR a congelar aquele rabo nojento e magrelas por uma hora!

 Aproximar em quê, senhor Presidente? Vão finalmente dar-nos ordenados em condições em vez de exortarem os jovens a abandonarem o país? Vão auxiliar à criação de postos de trabalho ou, pelo menos, à manutenção dos já existentes? Vai parar de pagar a um exército de seguranças para garantirem que ninguém atira nesse coiro escanzelado e miserável? Vai parar de se queixar sobre as suas despesas e ver o tamanho que a fila para a sopa do sidónio já atinge?

Posso não ser expert em economia, mas tenho um merdímetro muito afinado. E até eu sei que dinheiro gera dinheiro. Se estafarem o cavalo, ele morre e aí é que não rende nada. Se o povo português não tiver dinheiro, não compra. Se não compra, a economia não se movimenta. Se a economia estagna, não há crescimento económico. Entendeu? Ou quer que chame um autista para lhe explicar? Deixei de ouvir as notícias no canal 1 porque só ouço propaganda em prol do governo, ou futebol com fartura. Nunca apreciei muito a sic, muito embora admire o facto de se recusarem a usar o (des)acordo ortográfico. Sobra a tvi, que ainda não percebeu bem para que lado há-de cair. Não há dúvida que a Manuela Moura Guedes faz lá falta. Podia não gostar da mulher, mas tenho de admitir que tinha uma forma muito directa de expôr os problemas, não andava com rodeios nem rodriguinhos.

E agora a pergunta do milhão de euros: quem é que paga esta viagem de luxo para si e para o seu exército de chulos e segurança? Quem já não tem nada a perder.

E, senhor Presidente, caso essa cabeça burra e esclerosada ainda não tenha atingido esta conclusão óbvia, não há animal mais perigoso do que aquele que não tem nada a perder.

Resta-nos esperar que o senhor e a sua comitiva se percam num qualquer glaciar. Pode ser que os finlandeses apreciem mais a sua visita do que nós a sua presença. E não se esqueça de mandar saudades, que é coisa que cá não deixou.


 
  

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Cegueira Selectiva



Lá diz o povo que não há pior cego do que aquele que não quer ver. E lá dizia Almeida Garret que a sabedoria do povo era a sabedoria de Deus.


Não sei se Almeida Garret tem razão, mas o povo tem de certeza.


Conheço várias pessoas que têm uma língua de tal forma viperina que sempre achei que no dia em que a mordessem acabariam envenenados pela peçonha. São maldizentes em relação a tudo, mas têm olhos particularmente afinados para os filhos dos outros. Ou porque comem de boca aberta, ou porque respondem torto, ou porque vestem as calças ao fundo do rabo...



Eu sei lá.



Não é que eu pessoalmente não repare no mesmo que essas pessoas. Provavelmente até reparo. Porque afinal é fácil olhar para o lado. O complicado é olhar para dentro de casa.



Sou uma pessoa crítica por natureza. Também sou espontânea, o que torna os meus pensamentos públicos mais vezes do que é recomendável para “se viver bem em sociedade” – oh, as vezes que ouvi esta. E depois olhava em volta e parecia que só via comadres a cortarem na casaca uns dos outros, só escondendo do vizinho o mal que dele diz pelas costas. Já eu, ficam logo todos a saber o que penso e o que acho, porque ao menos digo-o em alto e bom som. Não crio dúvidas, não dou lugar a “suponhamos” mas também não me grangeia muitas “amizades”. Ao que vale é que prezo mais a qualidade que a quantidade e portanto tive a grande sorte de me poder rodear de amigos que pensam e agem como eu. Poucos, mas bons.



Adiante que já me estou a dispersar.



Estava eu a dizer que o pior cego é aquele que não quer ver. O meu filho vai fazer três anos. Mas para mim continua a ser bebé. No outro dia dei comigo a analisar-lhe as feições, que de bebés já têm muito pouco, que são cada vez mais de rapazinho a crescer, e penso: “Meu Deus, para onde foi o meu bebé? Este rapaz está enorme! Ainda ontem nasceu!” Suponho que para as mães os filhos são sempre bebés e nesse aspecto não sou diferente. Mas reconheço que o meu bebé está com quase três anos, que cresceu, que é ferozmente independente e que só quer mimos quando ele próprio pede – caso contrário, levamos um safanão. Continua a ser o meu bebé, mas já diz tudo e tem muita vivacidade.



No outro dia estava a falar com uma amiga sobre uma rapariga que existe em comum na nossa vida e a quem amamos muito. Ela via-a ainda como adolescente. Mas com a idade dela, dificilmente se pode falar em adolescente. Já ultrapassou a barreira dos 20 (embora não há muito, é certo), tem direito a voto e carta de condução. Talvez por eu ter menos convívio com a rapariga em questão, vejo-a com outros olhos. Amo-a muito – e isso é independente de partilharmos parte do ADN – mas reconheço que ela se transformou numa pessoa que eu não reconheço. É manipuladora, preguiçosa, egocêntrica. E a manipuladora deixa-se manipular com facilidade pelo fofo do namorado que, sendo um rapaz da idade dela, não só não faz nenhum, como não o quer fazer. Não é tão mais giro sair à noite, comer e beber às custas da namorada, com o conhecimento e a benção dos paizinhos da dita?



Talvez seja por ser de outras épocas. Separa-me quase uma década desta moça mas se fosse um milénio, as diferenças não seriam tão sentidas. Esta rapariga já teve um episódio com gravidade relativa de anorexia, mas os pais preferem acreditar que foi um episódio esporádico e que a criancinha está bem e recomenda-se. Atiram areia para os olhos dos outros – ou pelo menos tentam – e acreditam que os outros se deixam enganar.



São capazes de detectar uma mancha comportamental nos filhos dos outros a 150 m de distância; mas não vêem o que têm em casa. E quando vem alguém de fora, e chama a atenção, mesmo que seja com um comentário aparentemente inócuo, preferem virar-se contra essa pessoa e atirar pedras.



São cegos? Não têm discernimento? Será possível que achem que os outros são cegos ou que se ignorarem o problema ele desaparece? Porque, meus amigos, o problema não é só as drogas ou o álcool; as más companhias e o excesso de liberdade também prejudicam. Quando nos untam as mãos com massas suplementares quando estalamos os dedos, é normal que não se queira fazer nada da vida.



Eu nunca gostei de me sentir um peso para ninguém; estudei e trabalhei ao mesmo tempo e dessa forma tirei uma licenciatura e uma pós-graduação. Porque me ensinaram, de pequena, o valor do trabalho.



Mas aquela rapariga, e outras como ela, parece que só têm em vista aquilo a que Freud chamava o Princípio do Prazer. O amanhã não existe, e cultura geral é um palavrão que não lhes assiste. Giro é pinocar com o namorado, extorquir dinheiro à mãe e passear com o carro do pai, que tão atenciosamente ele atestou primeiro.



Que responsabilidades tens tu na vida, minha querida? Acharás tu que eu te amo menos por te dizer as verdades? Disseste-me uma vez frontalmente que não querias saber se eu gostava dele ou não porque a ti é que te caberia gostar e farias o que te desse na real gana. Pois é, querida, dizes isso porque tens quem te sustente o estilo de vida. Porque no dia em que os ceguetas fecharem os olhos e a torneira do dinheiro secar, tu ficas a olhar para as mãos e com um chulo do teu lado que não gosta de trabalhar porque dormir de dia e abanar o capacete à noite é que é giro.



Mas uma coisa eu sei: tens de ser tu a ultrapassar essa fronteira. Aprendi à minha custa que o mais que podemos fazer é indicar o caminho, cabe ao próximo decidir se o segue ou não.



Portanto, vai em frente. E reza para que tenhas alguém que te ampare quando partires a cabeça nessa parede onde tanto insistes em esbarrar de frente.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

(Des)Acordo Ortográfico




Nunca se falou tanto em acordo ortográfico como agora. Ou desacordo, do meu ponto de vista.
 
 
Como sou casmurra todos dias, e adoro a Língua Portuguesa, que tão mal tratada tem sido nos últimos tempos, proclamo em alto e bom som que não só não escrevo de acordo com as novas regras, como acho uma ofensa aquilo que tentaram fazer ao Português.
 
 
1º - Falou-se numa aproximação ao Português do Brasil. Mas tenho alguns amigos brasileiros que nunca ouviram falar nalgumas palavras que nos tentaram impingir.
 
 
2º Falou-se em “modernizar” o Português. Quando palavras tipo “bué” já entram no dicionário português, eu fico com uma urticária desmesurada. Quando expectadores se converte em espetadores, é a “coceira” total (já que querem palavras brasileiras aqui fica mais uma e esta existe sim do lado de lá do oceano atlântico).

3º Querem aproximar Portugal do Brasil dando valentes pontapés na nossa gramática que é única no mundo. Tenho a dizer que a nível de pobreza, desemprego (juvenil e não só) e salários baixos do povo contra salários riquíssimos da classe (des)governante, estão lado a lado. Mas a nível do (Des)Acordo Ortográfico só fizeram asneira.

4º Todos os livros que adquiri após esse maldito (Des)Acordo, especialmente da editora Saída de Emergência, provocaram sobressaltos e paragens na leitura, porque o meu cérebro primeiro identifica um erro ortográfico, e depois fica na dúvida se era o tradutor que era burro ou se é efectivamente o tal dito (Des)Acordo. E falo nisto porque até os livros adquiridos antes do dito (desculpem lá mas estou farta de falar numa coisa ao qual me recuso a atribuir importância no dia a dia) têm cada pontapé na gramática - ou, se preferirem, cada calinada - que até dói na alma. E o problema não se restringe só àquela editora, o que me leva a concluir que os próprios editores andam à nora.
 
 
Eu, por mim, continuo a escrever como sempre escrevi. E com um livro publicado, tenho a dizer o mesmo que disse na Editora: só sei escrever em Português; Brasuguês não é comigo. E não só me aplaudiram como publicaram o livro tal qual o tinha escrito.
 
 
Não é certo culpar o Sócrates pelo (Des)Acordo; foi no governo do Eng Guterres que ele foi criado, e por muito catedráticos jubilados e com outros título igualmente pomposos mas com a inteligência de uma formiga morta. O Sócrates limitou-se a ir ao sotão buscar esta asneira e a pô-la em vigor. E agora há contestação porque o CCB (e ao que consta a Univ. do Minho) o tiraram de circulação.
 
 
Vamos a ver: quando dois elementos altamente conceituados quer no mundo da cultura quer no mundo da educação tiram aquela ofensa à Língua Portuguesa de circulação, algo quer dizer.
 
 
Quanto mais não seja, quer dizer que preferem continuar a defender uma língua que é nossa, rica em complexidades e complexa na sua riqueza, e que nos equaciona enquanto povo.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Suícidio do Relógio




Tenho cá para comigo que o meu relógio biológico se atirou pela janela e cometeu suicídio.

Andava cá eu a tentar carregar no botão de snooze, porque o meu relógio biológico anda a fazer tic tac - pela segunda vez - quando me pediram para tomar conta dos meus sobrinhos por uma tarde.

Quatro, oito e dez anos, a somar ao meu de três. Quão trabalhoso pode ser??

Yep. Muito trabalhoso, vim a descobrir. Apesar de eles se terem portado excelentemente, descobri que afinal aquele velho ditado não se aplica. Sabem, o de "duas crianças dão o dobro do trabalho de uma".

TÁ BEM TÁ!!!!!!!!!!!!

Quatro crianças não dão o quádruplo do trabalho, dão algumas quinze vezes mais!

Portanto: o meu relógio biológico está temporariamente calado e a casa tá de pantanas. Quando for trabalhar na segunda feira, lembrem-me de me agarrar ao computador aos beijos e abraços.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Cansaço

Sinto-me tão cansada ultimamente, sem energia, sem capacidade de concentração. Arrasto-me por uma rotina que é sempre igual, sempre a correr, sempre stressada, sempre irritada. Já não vivo, só sobrevivo, e como eu, outros que diariamente tentam corresponder às exigências do dia a dia e tornam-se mais robots que humanos.

Meu querido menino, meu amor, sem vocês já tinha batido com a cabeça nas paredes ou pior. Vocês são a minha bússola, a minha razão de viver neste dia a dia cada vez mais monótono, numa confusão cada vez maior, num stress terrível e constante.

E eu tento manter a cabeça à tona de água enquanto as marés me correm não já no sangue, mas à minha volta.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Natal na Creche




Penso que não cheguei a mostrar o belíssimo trabalho que o meu marido fez para o nosso garoto levar para a creche no Natal.

Antigamente eram os garotos a trazerem trabalhos para fazer em casa; actualmente, trazem trabalho para os pais fazerem em casa lol. É uma pequena grande diferença.

Neste caso, queriam uma árvore de natal em 3D. O meu maridinho decidiu que em vez de ser uma árvore de natal, seria toda uma sala e com iluminação própria. Investiu uma semana no seu projecto, trabalhando apenas à noite, três ou quatro horas a seguir ao jantar, para fazer esta pequena maravilha. De uma árvore de natal em papel tridimensional, que era afinal o que pretendiam, fez uma bonita sala, com luzes na própria árvore, na lareira, no chão e no tecto. Digam lá que não ficou acolhedor.

Fizeste um excelente trabalho, meu amor.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Traída - Lançamento do Livro



E é já no dia 8 de Janeiro, pelas três e meia da tarde, que será o lançamento do meu livro, Traída!

O evento ocorrerá na livraria "Les Enfants Terribles", na cave do cinema King! Para quem não sabe:

Rua Bulhão Pato, 01B - Dentro do Cinema King

Não percam, fico à vossa espera!

=)