quinta-feira, 28 de julho de 2011

Amor


Vou responder à Luar sobre a forma de um post, porque de outra maneira aquele comentário transformava-se num testamento.

Eu nunca achei fácil dizer "Gosto muito de ti" ou "Amo-te".

É verdade que não passa um dia que não diga ao meu marido que o amo, ou ao meu filhote. Mas requereu muito trabalho da minha parte porque parecia que as palavras me ficavam engasgadas na garganta.

Não era que eu não gostasse das pessoas, porque gosto. Mas demonstro com actos, sempre foi assim. Adoro o meu avô. Adoro mesmo. E demonstro cada vez que telefono para ele, ou estou com ele, ou lhe faço aqueles miminhos culinários que fazem os olhinhos brilhar e a boca abrir-se num grande sorriso que vai de orelha a orelha. Mas da última vez que lhe disse "Adoro-te, avôzinho!" ele corou até à careca, atrapalhou-se todo, deu-me uma palmadinha desajeitada nas costas e não soube lidar com a emoção.

É um amor diferente daquele que sinto pelos meus pais, marido ou filho. Todos eles são diferentes entre si.

É muito mais simples dizer "Odeio-te!" É daqueles disparates que nos saem boca fora, que não são sentidos, mas que saem com uma limpeza que parece que saíram a voar. Abre-se a boca e já está. E depois, como diz o povo, não se consegue retirar a palavra depois de dita.

Porque é que é tão difícil dizer "amo-te" e tão fácil dizer "odeio-te?"

E finalmente, como podemos ser amados se não sabemos amar ou, pior ainda, se não nos sabemos amar (mais uma vez, a sabedoria popular ajuda-nos: Se eu nao gostar de mim, quem gostará??")

Depois temos a versão de Camões: "Amor é fogo que arde sem se ver"... mas acho que este amor se refere mais à luxúria. E a luxúria existe sem amor. O contrário é que já não tenho a certeza. Hoje a palavra "amor" está banalizada. Troca-se de namorado (a) facilmente a todos se jura amor eterno que dura pouco mais do que o sentimento de luxúria. Confunde-se amor com sexo.

Mas o mais importante de tudo é o amor próprio. E quem não o tem, não o consegue pedir ao próximo, mesmo que o manifeste. Porque inconscientemente não se acha capaz de, ou merecedor de...

Luar, tu tens essa capacidade em ti para dar e vender. O que te falta não é amor... é confiança. E sei que o teu testo ainda te espera.

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