sábado, 27 de abril de 2013

Anjo da Guarda



No dia em que a mãe faria a bonita idade de 90 anos, o meu pai pagou a factura de uma vida inteira a reprimir emoções e sentimentos. Uma veia rebentou na cabeça, conduzindo a um AVC que podia ter tido consequências substancialmente mais graves.

Porque é que somos como somos? Como é possível sermos tão diferentes? Eu sou tão explosiva, ele tão calmo e retraído. Eu digo frontalmente o que penso, ele mastiga e regurgita e mesmo assim não diz o que realmente lá vai dentro.

Tens noção que tiveste muita sorte? Que andaste a brincar com a saúde e deverias ter ido logo para o hospital? Que tiveste um anjinho da guarda muito grande a teu lado?

Eu expludo várias vezes ao dia; em "suaves" prestações diárias. Aconselho. A sério. Não fica cá nada a remoer excepto uma sensação de leveza particularmente satisfatória.

Tens duas âncoras na tua vida a que te agarrar. Os teus netos precisam de ti. Sai dessa cama de hospital e vem cá para fora respirar o ar puro da serra e das fraldas.

Ainda tens muito para viver.

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