A segunda-feira é sempre lixada. Quer porque
seja o primeiro dia de trabalho a seguir a um ou dois dias de descanso,
quer seja porque o despertador nos obriga a madrugar – malandro! – a
segunda-feira tem muito má fama. A pessoa está em
baixo, há sempre alguém que diz: “Tás com cara de segunda-feira!”, ou
então o sempre eterno “a segunda-feira devia ser dia de descanso”.
Também me arrastei para fora da cama com muita
dificuldade, confesso. E como todas as segundas-feiras, lembro-me de ter
pensado: “O quê, já?? Ainda agora me deitei!”
Fiz as minhas abluções matinais e depois
pratiquei um desporto olímpico não reconhecido: tirar o garoto da cama
depois de um fim de semana de farróbadó. Vinte minutos depois de ter
iniciado a modalidade, lá consegui tirá-lo, vesti-lo e
lavá-lo antes que ele tivesse tempo de reclamar. A reclamação veio
depois: “Não tenho fome, não quero comer, não quero escolinha”.
Ouvidos moucos e ala para a paragem do
autocarro. Aí chegados, descubro que os lugares reservados às grávidas
estavam ocupados mas como era pela terceira idade, nem olhei duas vezes.
A mim pesa a barriga, a eles pesa a idade. O puto entretanto
continuava: “Posso ir contigo ganhar tostão, mãe? Não quero ir para a
escolinha!”
Ainda não tem quatro anos e já me diz que não gosta da escola. Estou tramada com o rapaz!
Chego à creche e descubro-a fechada porque a
professora dele se atrasou. Tudo bem, todos temos direito a uma
segunda-feira lixada, até a professora. Eu é que começo a olhar para o
relógio.
Deixo-o na creche e vou para o metro que, como
de costume, vem a abarrotar. E pior que isso, no lugar reservado às
grávidas estão dois jovens cheios de malas que nem português falam. Por
sorte, o sinal da gravidez é inconfundível. Um levanta-se
para que eu me sente, não sem me tirar medidas e ver se a minha barriga
é maior que a dele. A única diferença é que a minha não é de cerveja.
Venho no metro, semi-atenta às conversas em meu redor:
“- Nem quis acreditar quando aquela porcaria tocou!”
“- Ainda estou cansada do fim de semana!”
“- Vi-me grega para sair da cama!”
Conversas elucidativas. Dúvidas houvesse sobre o dia da semana em que estou, as conversas esclareciam-me.
Chego ao trabalho, olho em volta e está tudo com
ar sonolento, rabugento e de expressão predominantemente fechada. Os
bons-dias traduzem-se em: “que ninguém me diga nada!”
Resumindo, o dia ainda ia no inicio e já estava
tudo a olhar para o relógio, a ver quando acabava. Pus-me a pensar,
temos cinco dias na semana em que o despertador nos arranca às
profundezas do sono, e de uma forma bastante ingrata. A
rotina é igual todos dias, mas é a segunda-feira que paga as favas.
Porque será??
1 comentários:
Não tou nem aí para as más caras de segunda-feira.
O que me preocupa é mesmo o acordar do meu boneco e ele não querer ir para a escolinha. rsrsrs
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