quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Tristeza



Há dias em que a tristeza e a melancolia se instalam e parecem não querer ir embora... Em que pensamentos menos bons parecem ter raízes fundas no nosso interior. O sentimento alastra e parece que contamina quem nos rodeia.

De onde vem este sentimento? O que se prepara para nos lançar as garras, contaminando tudo e todos? Não te quero, não te chamei, vai-te embora.

Amanhã é outro dia.

Onde estás?



Tenho dois filhos lindos. São o meu orgulho e a minha vida. As brincadeiras, as birras, a importância da palavra "não" - coisa que os três andamos taco a taco a definir fronteiras - tudo isso é nosso conhecido.

Lembro-me.

Não quero nem tentar imaginar a dor que esta mãe está a passar. A culpa que a consome, quando não teve culpa nenhuma. O facto de ter uma filha mais nova que viveu sempre à sombra da tragédia do Rui Pedro e que provavelmente se sente em segundo lugar para a sua mãe. À sombra de um irmão que já só conhece de fotos, numa casa onde o quarto dele parou no tempo.

E quem pode criticar? Quem se atreverá a fazê-lo?

Mãe é mãe. Mãe é mãe nos bons e nos maus momentos, na alegria e na tristeza. Só há uma. E a dor que consome... Não se deseja a ninguém.

Nos últimos tempos, no Facebook, tem-se sucedido apelos. Crianças doentes. Crianças desaparecidas. A dor é imensa e é impossível não a sentir também.

Onde está a justiça disto? Porquê os mais inocentes?

Certa vez, alguém me perguntou com uma certa agressividade: "o que é pior, estar desaparecido ou estar morto?" Na altura respondi que mais valia morto e enterrado, porque pelo menos sabemos onde está e pode-se fazer o luto. Encerrar. A ferida fica sempre, e provavelmente aberta. Mas não saber... acho que isso é decididamente o pior.

Onde estás, Rui Pedro?