quarta-feira, 19 de março de 2014

Dia do Pai



Hj é dia do pai. Embora tendo sido criada com o meu pai longe, (e na altura em que não havia internet, skypes e afins, 2000 km bem que podiam ser noutro sistema solar) tive a grande sorte de poder contar com a minha estrelinha. O meu avô foi o meu pai substituto, o único, o verdadeiro. O que esteve sempre lá. O que ia comigo para as consultas, para os médicos, o que esteve sempre comigo na alegria e na tristeza. Mais até do que um marido, mais até do que o biológico.

 Não quero com isto dizer que não goste do meu pai, ou que não me dê bem com ele. Não, não é isso. Mas a presença masculina da minha infância foi sempre aquela estrelinha imponente, distraída, cujo botão de volume se partiu no máximo, e que prima pelo benfiquismo como se fosse uma posição.

É engraçado como todos temos qualidades e defeitos, mas há uns onde pensamos com mais carinho, outros com resignação, outros com divertimento. Pensar num defeito (ou numa qualidade, mas mais comumente num defeito) com exaspero é ridículo e hipócrita, porque perfeição não encontro sequer quando me olho no espelho.

Mas apesar de tudo, cheguei aos 33 anos ainda com os dois: avô e pai. E o que é um avô senão um pai duas vezes?

Hoje é um dia muito infeliz para uma amiga minha. Uma amiga que não merece tudo o que lhe tem acontecido, e que tem procurado forças para se levantar da cama de manhã. O pai dela faleceu faz hoje 8 anos. E hoje ela dedica-lhe estas palavras:

Pai que aos meus olhos de  criança foste herói
Pai que aos meus  olhos de  jovem foste  vilão
Pai que aos meus olhos de adulta  foste  um amigo
E deixaste muita saudade
Quando eu te via como herói
Não sabia quase nada da vida
Sentia-me segura ao teu lado
Eu só queria ser tua  filha
Quando eu te vi como vilão
Pensava que já sabia tudo sobre a vida
Não queria protecção
Eu só queria ser eu a heroína!
Quando eu te vi como amigo
Pude dar-me conta dos erros cometidos
Foi quando realmente te conheci
Que entendi o sentido da vida
Quando me dei conta da  tua falta
Já era tarde!!
Tu  já não eras herói, nem vilão
Nem amigo e apenas  solidão, e muita saudade!!!
Tu deixaste saudade,
Vazio por preencher.
Momentos recordo, atitudes também, mas gostaria acima de tudo hoje; poder agarrar no telefone e dizer “Olá Pai, feliz dia do Pai”…
É esta a minha mágoa… é esta a minha cruz…
Saudades de TI!!!!!

Estas palavras são dela, mas são de todas, e para todos aqueles que o perderam de uma forma ou de outra.

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